13 fevereiro 2014

Nunca mais

 

    Éramos só nós. Não havia motivo algum para a ausência de expressão, estávamos ali sozinhos nos encarando mascarados com olhares frios e penetrantes capazes de estilhaçar um coração que ama em mil pedaços. Passaram-se cerca de quarenta segundos e você disse a primeira frase: "O problema sou eu, não você." Seria melhor se mantivesse sua boca fechada, ferindo-me apenas com os olhos que antes costumavam me olhar com ternura, agora indiferentes. Queixou-se da minha falta de carinho e da minha introspecção, afirmou que eu já não era a mesma mas que compreendia que as pessoas mudam, que estava sujeito às mudanças que eu poderia sofrer e assim como ele deveria respeitar sua decisão. Permaneci calada, não por vontade própria, mil palavras perturbavam minha mente desejando serem vomitadas mas a garganta as trancava e os dentes cerrados sufocavam meus lábios trêmulos devido ao pranto iminente, cada músculo do meu corpo agia de forma involuntária bloqueando qualquer manifestação de sentimento. Fria, concordei apenas balançando a cabeça e desatei o nó de nossas mãos entrelaçadas. E saiu, deixou-me refletindo. Virou a esquina e pelo reflexo das janelas pude assistir o abraço aliviado e ela com as feições seguras que eu nunca tive. Entrelaçaram as mãos, a tua ainda suada por conta do calor das minhas e caminharam. Você se foi e nunca mais voltou.

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