15 março 2014

Ele não me deixaria, nunca!



   Hoje cedo o despertador se calou, tamanho era o cansaço que tornou seu tormento suportável. Olhei pela janela e só via cinza, motivando nada mais do que algumas horas extras de sono. Mas não seria possível, com aquele semblante desprovido de qualquer euforia eu me sufocava a cada passo pretendendo chegar ao comodo ao lado, a cozinha. Ao avista-lo as minhas feições mudaram, o rosto pálido e sem vontade de agir deu lugar ao lábio mordido e maçãs rosadas denunciando a timidez por você ainda estar ali. Engoli a seco a vontade de voltar correndo à cama, e te fazer perder de vista entre as almofadas, a minha face corada. Mas e aí? Deixaria você simplesmente pegar as suas coisas e ir embora, recebendo apenas um beijo na testa? Não, definitivamente isso não aconteceria. Pela primeira vez na minha vida eu agiria, o quão difícil fosse não seria pior do que deixar você ir sem saber o quanto me fez feliz. Percebi que havia feito café e algumas torradas, aproveitei a oportunidade para ocupar a boca que dava margem às palavras, que insistiam em permanecer entaladas em minha garganta, e ter um pretexto para não dizer o quanto estava bonito com os cabelos bagunçados e o rosto recém molhado ao acordar. Terminei a primeira xícara, não peguei nenhuma torrada e antes que ele pudesse escolher o que iria comer, beijei seus lábios ainda quentes por conta da prova do café. E nos deitamos. Realmente, ele não iria me deixar após um beijo na testa. Ele apenas não me deixaria, nunca.

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