03 julho 2014

Nada além de mim

  Dizem as más línguas que eu tô cega. Eu não concordo, míope talvez.
  Já declinei de todos os argumentos que foram lançados para consolidar a minha cegueira, apenas ignorando-os consegui abalar qualquer fundamento. Talvez minha suposta cegueira tenha originado um desenvolvimento anormal dos outros sentidos, agora eu consigo passar por cima de qualquer apelação, então podemos concluir que o tiro saiu pela culatra, o feitiço virou-se contra o feiticeiro...definam como julgarem melhor. Aprendi que qualquer tentativa de ataque resulta numa tática de defesa que se aperfeiçoa a cada toque na ferida. E eu nem mesmo acredito em tantas limitações que atribuem a mim, apenas me aproveito do papel de alvo que assumi para tirar algumas lições de vida., é isso que a gente faz quando dizem que não temos idade suficiente pra saber das coisas. Sugeri a mim mesma a prática do desapego dos rancores e mágoas daqueles que buscam em minhas lágrimas uma espécie de portfólio de provas para a autoafirmação, posso até retrucar, bater o pé e fazer pirraça mas no fundo mesmo, alimento uma gargalhada sugestiva de superioridade, pois afinal de contas eu não preciso de nada além de autoconfiança para firmar meus pés no chão. Por isso admito que posso ser míope, não cega, pois uma cegueira não permite enxergar os próprios erros ou até mesmo aceitar julgamentos injustos levando em troca apenas lições pessoais, nada que se possa exibir por aí sem que se perca a própria essência do ato. Pode parecer arrogante, mas não é nada além de mim.

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